DENGUE
  • Publicado: 05/02/2024
  • Por: Revista Veja Saúde

DENGUE

“As mudanças climáticas marcam uma era de quebra de recordes de temperaturas elevadas, inundações, desmatamento, incêndios florestais e até de moléstias infecciosas. Se o futuro parece apavorante, convém lembrar que o presente já dá sinais perturbadores. E a dengue, doença propagada pelo Aedes Aegypti, que vira e mexe volta ao noticiário, simboliza bem o que estamos falando. Este ano ela já supera em número de casos de todo o período de 2022, e a projeção é de que 2024 será bastante difícil, diz Alda Maria da Cruz, diretora do Departamento de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde. O recorde batido ultrapassa 1,5 milhão de episódios. E essa não é uma ameaça só ao Brasil. A Organização Mundial da Saúde acaba de emitir um alerta de que, na próxima década, áreas até então não castigadas pela infecção estarão em risco, caso do sul da Europa, dos Estados Unidos e da África, sem contar os epicentros habituais, a América Latina e a Ásia, que concentram boa parte das 20 mil mortes anuais pelo problema. A dengue não está sozinha. Pegam carona com os mesmos mosquitos outros vírus, como Chicungunya, Zika e febre amarela, sem falar nos insetos que disseminam a malária e outras doenças.

Por trás dessa revoada alarmante estão as mudanças climáticas. Como a própria OMS sinaliza, o termômetro em ebulição cria condições ideais para os mosquitos vetores firmarem terreno ou conquistarem novos ares. E não é preciso ter ondas atípicas de calor para os mosquitos se bandearem por aí. O aumento das temperaturas médias - e a projeção é que elas subam globalmente no mínimo 2 graus centígrados - Já é favorável aos transmissores. O desenvolvimento do ovo para a fase adulta do inseto ocorre entre 10 e 12 dias. Com as temperaturas mais altas isso começa a ocorrer em 7, 8 dias. Não bastasse, figuras como o Aedes aegypti, adaptadas as cidades, levam uma vantagem em relação a outras pragas urbanas: ausência de predadores naturais.

A França registrou há pouco o primeiro caso de dengue no norte do país, nos arredores de Paris. As autoridades culpam o Aedes albopictus. Ao lado esquerdo do mapa, o mesmíssimo inseto fez sua estreia em Portugal. E, no meio da África, o Chade está lidando com um surto inédito de dengue. Estima -se que a incidência de dengue no planeta tenha escalado 8 vezes desde os anos 2000, isso sem levar em conta o número de eventos não diagnosticados e notificados. A ameaça se globalizou.”

Fonte: Revista Veja Saúde n. 497