- Publicado: 27/09/2022
- Por: Instituto Imersão
MUSICOTERAPIA E SEUS INCRÍVEIS BENEFÍCIOS PARA A DOENÇA DE ALZHEIMER
“Atualmente sabemos do papel que a música representa nas demências, sendo mais profundamente estudada na doença de Alzheimer. Observou-se efeitos relacionados à redução dos sintomas comportamentais e psicológicos, porém tem-se constatado que vão muito além deles.
O termo musicoterapia não parece claro para os que desconhecem a especialidade, pois pode significar o uso simples da música com o objetivo de recreação. No entanto, no campo da medicina, utiliza as influências musicais, como os efeitos psicológicos e neurofisiológicos da música, bem como os conhecimentos da neurociência da música na promoção da saúde. Os parâmetros sonoros e musicais (ritmo, melodia, harmonia, duração, frequência, entre outros), separadamente, podem também se converter em elementos importantes tanto para o emprego de técnicas específicas para a promoção de tratamento neurológico, como para avaliação diagnóstica, especialmente das funções corticais superiores.
Atualmente a musicoterapia é uma realidade, e consiste na utilização de intervenções musicais clínicas baseadas em evidências, realizadas por um musicoterapeuta qualificado, com a finalidade de estudar a interação som/ser humano e, através de uma relação terapêutica, atender às suas necessidades físicas, cognitivas, emocionais e sociais, promovendo-lhe melhor qualidade de vida. É um tratamento não farmacológico que se integra a outras disciplinas que se ocupam da prevenção, tratamento, habilitação ou reabilitação dos pacientes neurológicos em geral, e dos portadores de demência, em particular. Esta população requer um acompanhamento multidisciplinar devido à complexidade de suas necessidades, o que leva o musicoterapeuta a atuar junto a médicos neurologistas, neuropsicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, fonoaudiólogos, entre outros profissionais.
A musicoterapia pode contribuir não apenas para minimizar os sintomas psicológicos e comportamentais da demência, mas também para estimular a memória para fatos e eventos e as diferentes formas de expressão (verbal e não verbal). Há várias referências, na literatura, que relatam, por exemplo, o fato de pessoas com doença de Alzheimer e distúrbios relacionados (DADR) que, apesar da afasia e do comprometimento da memória, são capazes de continuar a cantar antigas canções e a dançar ao som de músicas familiares.
As intervenções musicoterapêuticas têm sido realizadas inclusive em um contexto cognitivo-comportamental, tanto quanto psicoterapêutico, por propor melhora e manutenção das habilidades cognitivas, físicas e emocionais, do comportamento social, das habilidades da linguagem expressiva e receptiva, redução da ansiedade, manutenção da função de memória e aumento da autoexpressão criativa, tudo isso mesmo em casos avançados da doença.
Finalizando, convém ressaltar que as pesquisas sugerem que o processamento musical, que está preservado na doença de Alzheimer, por exemplo, pode ocorrer em diferentes partes do cérebro, se comparado aos mecanismos linguísticos familiares. Além disso, essas regiões podem ser as últimas a se deteriorarem no curso da doença. Assim sendo, a musicoterapia, que depende menos do processamento verbal, pode oferecer uma abordagem única para acessar o conhecimento armazenado e as memórias que controlam certos comportamentos. Ela pode promover a abertura de canais de comunicação nos pacientes com demência, quando os sintomas psicológicos e comportamentais instalados impedem sua percepção da realidade e, neste caso, a música funciona como um objeto intermediário da relação terapêutica."